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PECADORES CONFESSOS...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

MULHERES QUE PECAM N. 3 - DUAS PISTAS

Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O
Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.
Machado de Assis
A mente é um lugar em si mesma e pode fazer do inferno um
paraíso e do paraíso um inferno.
John Milton

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domingo, 19 de julho de 2009

Pecado, II

EU tenho esse desejo

que é algo como um grito

um pedido, um soluço

alguma coisa em riste

um rasgo no espírito

um riso disparado

sem limite

um sufocamento.

by Claudinha

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sábado, 18 de julho de 2009

FRASE DO DIA

Simone de Beauvoir

"Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância."




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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Profanando Blake


De vez em quando gosto de tentar traduzir meus poemas favoritos. Abaixo uma tentativa humilde de traduzir um poema que gosto muito: The Tiger, de William Blake (1757-1827).




Tigre, Tigre, intenso brilhar
Nas florestas do luar
Que imortal mão ou olhar
Pôde tua feia simetria moldar?

Em que distantes céus e vales,
Arde o fogo dos teus olhares?
Em que asas se atreve a voar?
Qual mão se atreve o fogo pegar?

E qual força, e qual imaginação
Criou as raízes de teu coração?
Quando teu coração acelerou
Que mão pavorosa teus pés engendrou?

Qual martelo? Qual corrente?
Em que forno estava a tua mente?
Que bigorna? Que nós assustadores,
Abrocharam os teus mortais terrores?

Quando as estrelas suas flechas lançaram,
E todo o céu de lágrimas molharam
Será que sua obra O fez sorrir?
Será que Ele criou o cordeiro e a ti?


Tigre, Tigre, intenso brilhar
Nas florestas do luar
Que imortal mão ou olhar
Pôde tua feia simetria moldar?

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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Catherine Earnshaw - cont.

A forma como Emily Brontë compõe a sua heroína é através de um romantismo imaginativo, introspectivo, uma luta interna constante e inútil. O personagem se debate com si mesmo, como se fosse um corpo habitado por diferentes almas cujos poderes se equiparam. Essa abordagem se identifica com a personalidade da própria autora, descrita pela irmã Charlotte. Nesse aspecto, o elemento metafísico parece inevitável no romance, e Catherine passa de presença terrena a presença etérea, um fantasma da vida que Heathcliff não pode ter. O amor obsessivo de Heathcliff o assombra até o fim da trama, quando o fantasma de Catherine finalmente vem buscá-lo. Assim, o que seria uma união passional frustrada torna-se uma união espiritual atormentada, cercada de obsessão e ódio – portanto bem distante da união espiritual professada no matrimonio convencional.
A antiga casa dos Earnshaw, onde Heathcliff passou uma infância conturbada ao lado de Catherine, é descrita como um antro de tristeza e solidão. Comprada por um Heathcliff adulto e amargo, é palco dos assombramentos do fantasma de Catherine, e é o cenário perfeito para o estabelecimento do aspecto metafísico, que neste caso se traduz numa espécie de demonização do amor, através da aliança entre esse sentimento e um desejo desmedido. Em Jane Eyre, o aspecto metafísico é substituído pelo psicológico, e o assombramento em Thornfield é engendrado pela presença da mulher louca no sótão. É a loucura de Bertha que atormenta o lar dos Rochester, o fantasma do passado é de carne e osso e vive enclausurada numa ala da mansão. A passionalidade no romance de Charlotte Brontë é representada na fúria incontida de Bertha, no desapego às convenções de Rochester, e na fúria contida de Jane Eyre. Apesar da descrição de Thornfield nos remeter também a um cenário sombrio, o Karma está concentrado nas pessoas que nela vivem.
E qual seria então o pecado de Catherine Earnshaw? Gilbert & Gubar novamente nos ajuda neste ponto, quando afirma que o ponto principal nos romances das Brontë é que suas heroínas são sempre espirituosas e independentes (2000:249). Estão sempre à margem daquilo que se espera delas. O que muda, no caso do romance de Emily Brontë, é a perspectiva: a espirituosidade de Catherine acaba por destruí-la, exatamente por não conseguir moldar as próprias paixões, exatamente por não se enquadrar; já Charlotte Brontë consegue um desfecho mais otimista para sua Jane Eyre, construindo para a heroína uma espécie de bildunsroman, um processo de amadurecimento no qual Jane se percebe capaz de lidar com a ansiedade sexual, o amor, e a sua própria intimidade, encontrando para si um lugar no mundo que Catherine Earnshaw não parecia apta a viver.

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domingo, 12 de julho de 2009

Mulheres que Pecam n. 2 - Catherine Earnshaw

Uma boa forma de começar a entender Catherine Earnshaw, ou Catherine Heathcliff, ou Catherine Linton – como ela costumava alternar em seu diário em O Morro dos Ventos Uivantes – é considerar as afirmações de Charlotte Bronte acerca do livro e, principalmente, acerca da autoria do livro, Emily Bronte. De acordo com Charlotte, Emily tinha uma visão distanciada, porém profunda e muito particular, do mundo exterior. As lacunas provenientes deste afastamento foram invariavelmente preenchidas com uma imaginação poderosa, catártica, com um forte veio trágico. Emily, conforme nos apresenta Charlotte, é um “espírito livre”, uma criatura dos charcos, envolta em escuridão e beleza. Esta descrição parece caber quase que completamente na personalidade de sua Catherine, heroína trágica do romance de Emily Bronte.
Gilbert & Gubar (2000) – minha bibliografia essencial para a dissecação da escrita feminina – compara o aspecto metafísico de O Morro dos Ventos Uivantes e o terror científico do Frankesntein de Mary Shelley, atestando que enquanto o primeiro é “um romance enigmático de paixão metafísica”, o segundo seria “uma enigmática fantasia de horror metafísico” (249). Seguindo a idéia de abordar a ótica dos personagens femininos no seu relacionamento com os seus parceiros, proponho que se faça um paralelo entre a Catherine de Emily Brontë e a Jane Eyre de sua irmã Charlotte, de cuja história falamos anteriormente.
É inegável a inserção do elemento metafísico na construção do romance entre Catherine e Heathcliff, elemento ausente em Jane Eyre. Os fantasmas de Jane Eyre são outros: são de caráter psicossocial, psicológico, emocional. Na história de Charlotte Brontë fica claro a influência de visões pré-concebidas do mundo, da sociedade e principalmente, do papel da mulher. Grande parte da tensão sexual entre Jane e Rochester vem de uma guerra velada de poderes, uma mulher em busca de auto-afirmação, respeito, e um homem tão apaixonado quanto obcecado por controlá-la através dessa paixão. A abordagem de Charlotte é secular, absolutamente fincada nas realidades feminina e masculina dentro do ambiente social retratado no romance. Já em O Morro dos Ventos Uivantes, a relação entre Catherine e Heathcliff é irracional, inconstante, baseada numa visão particular que ambos tem um do outro, e restrito ao ambiente dos charcos, da natureza selvagem. A paixão entre o casal floresce sempre no meio do nada, numa espécie de limbo onde os espíritos de Catherine e Heathcliff permanecem intocados pela mão pesada da realidade que os cerca. As assinaturas de Catherine em seu diário, utilizando diferentes sobrenomes numa determinada ordem, sugerem um crescendo na personalidade da protagonista, que se enxerga em diferentes identidades. Charlotte Brontë usa o mesmo recurso com Jane, que na véspera do seu frustrado casamento com Edward, estranha o sobrenome do amado junto ao seu nome. Como Jane Eyre, Catherine está em busca do seu lugar, de um eu que a satisfaça, mas esbarra nas paixões, nas incompreensões, e no sofrimento.
O aspecto social da historia de Emily Brontë vem representado na família Linton, da qual Catherine passa a fazer parte após o afastamento de Heathcliff. A identidade civilizada de Catherine não é propriamente uma escolha, mas um modo de controlar um espírito desconcertado pelo desaparecimento repentino do amado. Cathy Linton tem uma filha, que mais tarde será o instrumento da vingança de Heathcliff. A placidez da vida de Catherine Linton será definitivamente abalada com a volta de sua grande paixão; mas, Catherine Heathcliff não tem mais espaço na vida que Catherine Earnshaw escolheu ao se casar. Da mesma forma, Jane Eyre precisou escolher entre o matrimonio convencional – como o defendido pela Igreja – e o matrimonio com Rochester, que nunca poderia se oficializar porque Edward já tinha uma esposa. A união com Rochester seria passional, enquanto o casamento proposto a ela por St. John seria uma união espiritual. Mas Jane, já independente e dona de sua própria personalidade, abandona o convencionalismo ao decidir voltar para um Edward que, até onde sabia, ainda era casado. Já Catherine se esforça além das próprias forças para ser apenas Catherine Linton, sem sucesso, de forma que só a morte pode redimir suas outras identidades primitivas, conectadas diretamente aos charcos, e a Heathcliff. (continua..)

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sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Morro dos Ventos Uivantes, por Charlotte Brontë...

A respeito da rusticidade de "O Morro dos Ventos Uivantes", eu admito a acusação, porque eu sinto a qualidade. O livro é rústico do início ao fim. É pantaneiro, selvagem e baralhado como a raiz de uma árvore. E não seria natural se fosse de outra maneira; a autora sendo uma cria dos charcos. Sem dúvida, se ela tivesse nascido na cidade, suas escritas teriam uma outra personalidade. Ou se ela tivesse escolhido um tema diferente, poderia tê-lo tratado de um jeito diferente. Se Ellis Bell [pseudônimo de Emily Brontë] tivesse sido uma dama ou um cavalheiro acostumado com o que se chama de "mundo", sua visão de uma região remota e inexplorada, bem como daqueles que nela vivem, teria divergido enormemente daquilo que considera uma garota criada no campo. Sem dúvida teria sido mais abrangente; se teria sido mais original ou mais verídico não se pode afirmar. Com relação ao cenário e locação, não poderiam ser mais simpáticos: Ellis Bell não os descreveu como alguem cujo olhar se contenta com a prospecção; suas montanhas nativas eram para ela mais que um espetáculo. [...] Suas descrições, portanto, são o que deveriam ser, e tudo que deveriam ser.
Quanto à sua construção do caráter humano, o caso é diferente. Posso jurar que ela tinha muito pouco conhecimento prático da vida dos camponeses à sua volta. [...] Apesar de seus sentimentos por essas pessoas serem benevolentes, nunca procurou interagir com eles, com raras exceções. Mesmo assim, ela os conhecia: ela podia identificar suas maneiras, sua linguagem, sua histórias; ela podia ouvi-los com interesse, e falar deles com mínimos detalhes; mas com eles, ela raramente conversava. Então o que sua mente assimilou sobre eles se concentrou muito exclusivamente naqueles traços trágicos e terríveis que sua memória registrou ao ouvir os segredos de toda a rude vizinhança. Sua imaginação, que era uma entidade mais sombria que ensolarada, mais poderosa do que esportiva, achou nesses traços material através do qual forjou criações como Heathcliff, como Earnshaw, como Catherine.
(prefácio à edição de 1850 de "O morro dos ventos uivantes")

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Emily, por Charlotte Brontë...

Na natureza de Emily os extremos do vigor e da simplicidade pareciam se encontrar. Sob uma cultura não-sofisticada, gostos não-artificiais, e uma aparência despretensiosa, morava um poder secreto e um fogo que podia inflamar a mente e o sangue nas veias de um herói; mas ela não tinha nenhuma sabedoria secular; seus poderes não eram adaptados para a vida prática: ela não conseguia defender seus direitos mais declarados, ou aproveitar-se de sua vantagem mais legítima. Devia sempre haver um intérprete entre ela e o mundo. Sua vontade não era muito flexível, e geralmente ia contra seus interesses. Seu gênio era magnânimo, mas esquentado e impulsivo; seu espírito era completamente livre.
(nota biográfica publicada na edição de 1850 de O morro dos ventos uivantes)
(tradução de minha autoria)

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quinta-feira, 9 de julho de 2009

No próximo "Mulheres que pecam"....

Aguardem...


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terça-feira, 7 de julho de 2009


Quero a injustiça, a cegueira,
Quero a inconsciência fatal
Quero a dor aguda, a força,
Quero o desespero, o mal.

Quero os pedaços grandes
Quero a mágoa crua
Quero a tristeza
Quero o ciúme, a crueldade,
Quero o fogo, e a beleza.

Quero o cheiro, o gosto, o toque,
Quero o carrasco encantamento
Quero todos os arrependimentos
Quero o vício, quero a sorte.
Quero todos os sentidos
Quero as flechas dos cupidos
Quero a vida inteira
Antes da morte.
Pecado, by Claudinha

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