Continuando nossa reflexão sobre a Rainha Gertrudes, mãe de Hamlet, estou postando aqui uma releitura da personagem feita pela escritora canadense Margaret Atwood (1939 -) para sua coletânea de contos Good Bones (1992). Como não encontrei uma tradução publicada do conto, decidi postar o texto original em inglês, e logo abaixo uma tradução de minha autoria. Na historia abaixo, Atwood recria a cena do closet, mas do ponto de vista da rainha, e apenas ela possui a palavra. Atwood reconstrói Gertrudes numa perspectiva moderna, no seguinte sentido: se o embate entre Gertrudes e Hamlet se desse nos dias de hoje, como a rainha responderia as acusações do filho? O resultado é o conto, que funciona como uma serie de respostas de Gertrudes às situações levantadas por Hamlet na cena do closet original. A percepção de Atwood além de ser muito interessante, vem de encontro à maioria das nossas observações sobre a mãe do príncipe Hamlet. Agora, passo a reflexão para voces. Leiam, tirem suas conclusões e divirtam-se porque, além de tudo, o texto é bastante sarcástico.
GERTRUDES TALKS BACK
by Margaret Atwood
I always thought it was a mistake, calling you Hamlet. I mean, what kind of name is that for a young boy? It was your father's idea. Nothing would do but that you had to be called after him? Selfish.
I wanted to call you George.
I know your father was handsomer than Claudius. High brow, aquiline nose and so on, looked great in uniform. But handsome isn't everything, especially in a man, and far be it from me to speak ill of the dead, but I think it’s about time I pointed out to you that your dad just wasn't a whole lot of fun. Noble. Sure, I grant you. But Claudius, well, he likes a drink now and then. He appreciates a decent meal. He enjoys a laugh, know what I mean? You don't always have to be tiptoeing around because of some holier-than-thou principle or something.
By the way, darling, I wish you wouldn't call your stepdad the bloat king. He does have a slight weight problem, and it hurts his feelings.
And let me tell you, everyone sweats at a time like that, as you'd find out if you ever gave it a try. A real girlfriend would do you a heap of good. Not like that pasty-faced what's-her-name, all trussed up like a prizes turkey in those touch-me-not corsets of hers. If you ask me, there's something off about that girl. Borderline. Any little shock could push her right over the edge
No darling, I am not mad at you. But I must say you're an awful prick sometimes. Just like your Dad. The Flesh, he'd say. You'd think it was dog dirt. You can excuse that in a young person, they are always so intolerant, but in someone his age it was getting, well, very hard to live with and that's the understatement of the year.
Oh! You think what? You think Claudius murdered your Dad? Well, no wonder you've been so rude to him at the
dinner table!
If I'd known that, I could have put you straight in no time flat.
It wasn't Claudius, darling.
It was me.
If I'd known that, I could have put you straight in no time flat.
It wasn't Claudius, darling.
It was me.
GERTRUDES RESPONDE
por Margaret Atwood
Eu sempre achei que era um erro chamá-lo Hamlet. Quero dizer, que tipo de nome é esse para um garotinho? Foi idéia do seu pai. Nada seria bom a não ser que você tivesse o mesmo nome que ele? Egoísta.
Eu queria te chamar Jorge.
Eu sei que seu pai era mais bonito que Cláudio. Sobrancelhas altas, nariz arrebitado e tudo mais, ficava lindo de uniforme. Mas beleza não é tudo, especialmente num homem, e longe de mim falar mal dos mortos, mas eu acho que é hora de te dizer que seu pai simplesmente não era muito divertido. Nobre. Claro, tenho que admitir. Mas Cláudio, bem, ele gosta de beber de vez em quando. Ele gosta de boa comida. Ele gosta de rir, entende o que eu digo? Não se tem que ficar sempre pisando em ovos por causa de algum princípio sagrado ou coisa assim.
Ah, sim, querido, eu queria que você não chamasse seu padrasto de rei balofo. Ele tem mesmo um pequeno problema de peso, mas isso o magoa.
E deixe-me dizer, todo mundo sua “naquelas” horas, como você descobriria se tentasse alguma vez. Uma boa namorada lhe faria muito bem. Não como aquela cara-de-pastel que eu nem lembro o nome, toda amarrada igual a um peru de Natal naqueles corseletes não-me-toque. Se você me perguntar, acho que ela não bate bem. Ela está na fronteira. Qualquer pequeno choque pode empurrá-la além do limite.
Não querido, Não estou zangada com você. Mas devo dizer que você é um pé-no-saco às vezes. Igual ao seu pai. A Carne, ele diria. Você podia pensar que era cocô de cachorro. Você pode desculpar isso num jovem, eles são sempre tão intolerantes, mas em alguém na idade dele já estava ficando, bem, muito difícil de conviver e esse é modo mais delicado de se dizer.
Oh! Você acha o que? Você acha que Claudio assassinou seu pai? Bem, não me admira que você tenha sido tão rude com ele no jantar!
Se eu soubesse disso, eu poderia te-lo esclarecido na mesma hora.
Não foi o Claudio, querido.
Fui eu.
2 comentários:
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