Era um homem triste, sozinho
um príncipe estranho no ninho.
Até que no sopro do infinito
aparece-lhe o pai, em espirito
precipitando a revelação
de que sua morte foi traição
num espectro feito de luz,
diz o rei, "faz-me jus!"
"honra o sangue descarnado
por mesmo sangue derramado!"
e eis que o fraterno usurpante
toma a rainha como amante
tem o trono anunciado
Salve Hamlet, príncipe herdeiro
do ser e não ser, pioneiro
da palavra estremecida
vingador de alma perdida
pensador do próprio reino
Salve suas duas damas
bem e mal-interpretadas
salve Ofélia, a acanhada
alvo de seus vis amores
filha de um dos senhores:
Polônio, o cão-de-guarda
E a rainha-mãe condenada
por seu filho, encarcerada
em desejos e promessas
víuva e casada às pressas
silenciosa e encantada
e o espectro feito de luz
suplica sempre: "faz-me jus!"
Eis que Hamlet enlouquecido
em seu teatro ensandecido
com suas vãs filosofias
tem no foco da histeria
o nobre Claudio, fratricida
rei por força de medida
Sai Polonio, apunhalado
pelo príncipe desgarrado;
vai-se Ofélia, desconcertada
em si mesma afogada
por ódio, por amor, por nada...
em si mesma afogada
por ódio, por amor, por nada...
E eis que a ponta da espada
por ardil envenenada
mata o Hamlet, quase guerreiro
senhor de sua jornada
senhor de sua jornada
a loucura do seu reino
varre a vida, e a história
pelas vozes da memória
em silêncio é repetida.
By Claudinha M.
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