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PECADORES CONFESSOS...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Canção para Madalena


Ó, Madalena, eu percebo
que no fundo o seu medo
é o que eu não vejo
é o teu segredo
Madalena, não se avexe
o que é da dama não se mexe
e a tua voz nunca se esquece
é o teu carma, o teu enredo.

Ó, Madalena, tu é que é triste
tanto é tudo que existe
tanto é o mundo ao seu redor
Ó, Madalena, não se irrite
com essa gente que te agride
é que essa tara, esse limite
é o teu revide em tom maior.

Ó Madalena, flor da peste
do lugar de onde vieste
traz o cheiro dos ciprestes
pra acabar com o sofrimento
tu que ouves o lamento
dessa cruz que é tua guia
Ó Madalena também é Maria
No teu nome eu me contento.


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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Para os amigos deste blog...


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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

PANDORA



Guardo todos os meus medos
na velha mala
de velhos segredos
mas este cheiro que ela exala,
e este tempo que se cala...
é um intenso velho estado
é o som dos meus pecados
abram, abram velhos espelhos!



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A ausência do bem...

Edmund Burke (1729 - 1797)


Para que o Mal vença,
Basta que o Bem não faça nada.



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domingo, 5 de dezembro de 2010

PARA TODAS AS PECADORAS DO MUNDO - Uma das músicas mais marcantes da minha vida, e uma das mais bonitas que já ouvi...


Unpretty
(TLC)




Queria poder te colocar no meu lugar
Tirar de voce a sua beleza
Me disseram que eu sou bonita
Mas o que isso te diz?
Quem está lá quando olho no espelho?
A menina de longos cabelos
O mesmo velho "eu" de todos os dias

Por fora tudo lindo
Por dentro estou ruindo
Sempre que acho de me perder
é por causa de voce
Já tentei todos os jeitos
Mas é mais do mesmo
E quando o dia chega ao fim
Tudo cai sobre mim
Estou só me enganando...

Pode comprar seus cabelos compridos
Pode consertar seu nariz se ele tiver pedido
Pode comprar toda maquiagem do mundo
Mas se não puder se olhar a fundo
Descobrir quem voce é, e então
Ser capaz de fazê-lo sentir-se tão
sem a maldita beleza...

Posso tirar sua beleza também...

Nunca insegura antes de o conhecer
Agora estou paralisada
Eu costumava me achar bonita
Só um pouco mais magra
Porque eu procuro estas coisas
para te satisfazer?
Talvez seja melhor me livrar de voce
e depois voltar para mim...




NOTAS:
1) A palavra unpretty não tem tradução direta para o português. Alguns a traduzem apenas pelo antônimo de pretty (bonito), mas o vocábulo também denota um sentimento íntimo de inadequação, de insatisfação pessoal e insegurança. Por isso optei na tradução por desmembrá-la na expressão "sem beleza", já que a abstração na palavra "beleza" sugere algo mais profundo do que a boa aparência.

2) A letra desta música é de autoria de Lisa "Left-Eye" Lopez, o "L" do grupo TLC, que faleceu tragicamente em 2002 num acidente de carro em Honduras, um pouco antes de completar 31 anos de idade. Por isso voce verá no final deste video uma foto da "rapper" com a expressão R.I.P (Rest In Peace, ou como no nosso português, Descanse em Paz) .

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

As Cariocas: Stanislaw Ponte Preta e a veia cômica do realismo rodriguiano.



As Cariocas (Rede Globo 2010)


Elas são volúveis, neuróticas, desconfiadas e potencialmente insatisfeitas com suas próprias vidas. Mas em vez de matar suas figuras paternas, corromper suas crias, suicidar-se ou fugir para longe, elas procuram amenizar uma existência para elas caótica e sem saída. A ambientação não podia ser outra – a cidade do Rio de Janeiro. Assim temos As Cariocas (Globo – 2010), série criada por Daniel Filho a partir do livro de crônicas homônimo escrito em 1967 por Sérgio Porto (1923-1968), alias Stanislaw Ponte Preta. O elenco dirigido por Cris D' Amato e Amora Mautner interpreta o cotidiano de dez insensatas mulheres, em episódios pontuais associados à determinados bairros da cidade do Rio. Uma série de enquetes que, se transpostas para o teatro, poderiam ser classificadas como Comédias Cariocas, numa alusão esteticamente perfeita às Tragédias Cariocas de Nelson Rodrigues (1912-1980)*.

A “rajada de monstros” que formava o teatro de Nelson Rodrigues causava espanto, repulsa, reconhecimento e aplauso e valorizava, segundo o dramaturgo, a reflexão pela catarse, e o aprendizado pela dor. Adquiriu através do crítico Sábato Magaldi denominações específicas de acordo com as características mais marcantes nas peças – embora não se pudesse dizer que elementos míticos, psicológicos e trágicos não estivessem presentes em todas elas. Ainda assim, o que Magaldi apelidou de Tragédias Cariocas constituía uma série de enredos dramáticos ambientados na cidade maravilhosa, em que acontecimentos simples do cotidiano tomavam proporções grotescas e em alguns casos, violentas. A maioria das histórias das peças encontra ressonância no conjunto de crônicas intitulado A vida como ela é (1950), idealizado por Rodrigues para o jornal A Última Hora.

A questão é que a heroína rodriguiana, nas Tragédias Cariocas como nos demais trabalhos do dramaturgo, é o paradigma da frustração e da revolta com o papel que lhe é imposto. Em consequência, torna-se amarga, ferina, ou pre-disposta à transgressão – do adultério ao escracho, da dissimulação ao assassinato. São mulheres fortes, pássaros em gaiolas chauvinistas que, por vezes, bicam as proprias grades. O objetivo de Nelson sendo o enfrentamento e a crueza, seus textos descambam invariavelmente para a ironia patética ou para a tragédia violenta. Em Os Sete Gatinhos, as filhas prostituídas pelo pai se unem para matá-lo a facadas. A Glorinha de Perdoa-me por me traíres manipula e envenena o tio, assassino de sua mãe. A “Falecida” orienta em carta que seu amante financie-lhe um enterro de primeira, mediante o pedido de seu marido. Sem falar de um Beijo “gay” no Asfalto, e da Bonitinha mas Ordinária Maria Cecília, que já nos rendeu um artigo anterior. Em todos os casos o humor (se existe) é involuntário, e a atmosfera é pesada, lúgubre. Tal não é a saída dramática de Sérgio Porto.

Nas Cariocas de Porto, sente-se a mesma dose de frustração e volubildade da mulher rodrigueana, porém, a mulher dos anos 60 é outra – mais falante, demolidora de preconceitos. Assim as mulheres expressam seus anseios de maneira mais eloquente, sem precisar de subterfúgios. Menos condescendentes, amenizam as próprias dúvidas sendo um pouco mais delas mesmas, sua neurose não tão sujeita à total repressão. São famílias sem a figura paterna tão presente, como em “A desinibida do Grajaú”, onde a maior influencia na socialização da heroína é a mãe, que incentiva estereotipação da filha – e da mulher por tabela, em um padrão de aparência, uma herança da visão machista do feminino. Em Sergio Porto, a crítica se rende ao sarcasmo e a monstruosidade se revela através do ridículo, tornando o “aprendizado” mais sutil, porém não menos catártico. Apenas o instrumento de catarse muda do choro para o riso.

Numa outra análise, podemos até verificar uma certa paridade entre, por exemplo, a Adultera da Urca e a rodriguiana A Mulher sem Pecado. embora a paranóia obssessiva de Olegário não se observe no suposto marido traído nesta crônica de Porto. A degringolação da instituição do casamento, e o fato da mulher perder a paciencia com a iniquidade dentro do relacionamento amoroso constitui a base da potencial frustração de quase todas as heroínas retratadas na minisérie, e também encontra ressonância nas mulheres das Tragédias Cariocas de Rodrigues.

O pecado dessas mulheres é a voz, é a originalidade de expor seu pensamento, seu comportamento, seu sentimento. Esta exposição culmina em dois vértices: a comicidade irreverente de Stanislaw Ponte Preta e a tragicidade atroz de Nelson Rodrigues. Pela dor ou pelo riso, as mulheres de ambos os autores colocam a transgressão em perspectiva e, assim, desenvolvem uma forma alternativa de extravasar a si mesmas.


*As Tragédias Cariocas são, de acordo com Sábato Magaldi: A Falecida, Perdoa-me por me traíres, Os Sete Gatinhos, O Beijo no Asfalto, Boca de Ouro, Bonitinha Mas Ordinária, Toda Nudez Será Castigada e A Serpente.

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