A ficção, para ser purificadora, precisa ser atroz. O personagem é vil, para que não o sejamos. Ele realiza a miséria inconfessa de cada um de nós. A partir do momento em que Ana Karenina, ou Bovary trai, muitas senhoras da vida real deixarão de fazê-lo. (...)E, no teatro, que é mais plástico, direto e de um impacto tão mais puro, esse fenômeno de transferência torna-se mais válido. Para salvar a platéia, é preciso encher o palco de assassinos, de adúlteros, de insanos e, em suma, de uma rajada de monstros. São os nossos monstros, dos quais eventualmente nos libertamos, para depois recriá-los.
Nelson Rodrigyes
(1912-1980)
Um comentário:
Sábias palavras.
Se prestarmos atenção em tudo que mais atrai as pessoas, veremos que são fatos ou cenas que revelam o verdadeiro eu de cada telespactador (vulgaridades, violência, etc).
Esta é a realidade.
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