Nelson Rodrigues
(1912-1980)
Na idade adulta endei escrevendo peças, romances, crônicas. Mas nem as peças eram dignas de Shakespeare, nem os romances dignos de um Proust. E a verdade, a lamentável verdade, é que eu não encontrava, em toda a minha biografia, nada que surpreendesse o Altíssimo e merecesse Seu espanto. Eis senão quando, de repente, baixa em mim uma luz genial. Alço a fronte e digo: – “Eu promovi, eu consagrei o óbvio!”. Aí está o grande feito de toda a minha vida. O óbvio vivia relegado a uma posiçao secundária ou nula. Fui eu que, com minha pertinácia, arranquei-o da obscuridade, da insignificância.
in: O Óbvio Ululante (1968)
3 comentários:
OLá!! Obrigada pela visita. Vim pra fazer parte do seu cantinho que , é muito interessante. BjOO!!
Que nada! Invento os meus contos, mas é claro que cada palavra tem o seu valor pessoal!
Bela inspiração, pois é uma maravilhosa frase.
Bjs
Mila Lopes
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